quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

BERNHARD WICKI
no Goethe-Institut no Porto


Quando falamos de Bernhard Wicki (1919-2000), reconhecido actor e realizador, de pronto associamos o nome ao universo cinematografico, sem prestar devida menção à sua valiosa obra fotográfica. Obra fotográfica sinónimo de uma linguagem artística única, cuja criação preparou o seu importante trabalho como realizador, no decorrer dos anos 50. Para Wicki a fotografia era o meio crucial da sua expressão visual.
No âmbito da Exposição Mundial de Fotografia de 1952, em Luzern, Wicki descobriu imagens da agência de fotografia Magnum, fundada alguns anos antes por Robert Capa e Henri Cartier-Bresson. O retrato de um soldado falecendo, na Guerra Civil Espanhola, captada por Robert Capa marcou Wicki profundamente: "É o olhar nu e cru sobre a verdade...Isso é a essência da fotografia, aquilo que nos permite olhar além. E, sendo fotografias de qualidade, não só transmitem a realidade, como deixam ainda espaço para a imaginação de cada um." Wicki apercebeu-se assim do imenso potencial da fotografia: "Sempre considerei o filme e a fotografia expressões artísticas de segundo plano, pelo que me dedicava basicamente ao teatro e à pintura". Porém, depois dessa exposição, tudo se esclareceu para Wicki, que soube desde aí o que queria fazer da sua vida. Nesse mesmo dia comprou uma Rolleiflex e telegrafou a Lippel, o então encenador do Münchner Staatstheater (teatro nacional de Munique) dissendo-lhe que precisava de meio ano de férias, sob pena de não cumprir o contrato que o ligava ao teatro. Lippel aprovou e Wicki partiu para Paris onde começou a fotografar como um louco.
Bernhard Wicki tirou fotografias nas suas viagens pela Alemanha, França, Itália, Bosnia, Marrocos, África, Rússia, Áustria, América do Norte e na sua Munique natal. O artista não tinha um tema predefinido, mas fotografava tudo que lhe cativava o olhar:: Pessoas na sua solidão existencial, retratos brutalmente realistas, cidades despovoadas, além de qualquer paisagem que lhe suscitasse elevação poética. Um legado fotográfico que acabou por representar um impressionante retrato do catastrófico estado da Europa pós segunda guerra mundial.
A obra fotográfica de Bernhard Wicki foi rapidamente esquecida, devido ao seu extraordinário sucesso como realizador de cinema, também cobiçado por Hollywood. E aquilo que para o próprio não passou de uma fase de pouca importância, acabou à posteriori por consagrar-se artisticamente, tanto ao olhar da crítica como à unanimidade pública.
A exposição-digressão do Goethe-Institut, contem 40 novas revelações a preto e branco, reactualizando a primeira mostra individual de Bernhard Wicki na Pinakothek der Moderne de Munique, em 2005, onde Foram expostas 80 fotografias originais (vintage prints) da colecção particular do artista.

Fotografia e Cinema
12 de Janeiro até 12 de Fevereiro 2007
Contagiarte, R. Álvares Cabral, 372, 4050 - Porto
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Programação:

12.01.2007
- 22h30 - Inauguração
- 23h30 - Filme: “Die Züricher Verlobung” (“O noivado de Zurique“), 1957
26.01.2007
- 22h00 - Conferência com Dr. Manuel Costa Silva
- 23h30 - Filme: “Die Brücke” (“A ponte”), 1959
02.02.2007
- 23h30 - Filme: “Die letzte Brücke” (“A ultima ponte“), 1954



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